Eu sou Espírita!
Por Fábio Ferreira
As pessoas ainda confundem Umbanda e Candomblé com Espiritismo, e até se referem a estas duas religiões como se fossem outras denominações da Doutrina Espírita. Porque isto acontece? Porque ainda associam o Espiritismo às religiões afro brasileiras? Quais as diferenças entre estas três Doutrinas, e quais os ensinamentos que cada uma delas têm para passar às outras?
È importante saber: O Espiritismo é único! Não há vertentes, não há divisões. Não há o modelo brasileiro de Espiritismo, nem o formato francês da religião. Não existe Espiritismo Kardecista, Espiritismo Umbandista, nem Espiritismo linha branca. Não existe Centro Espírita de mesa, Centro Espírita Vovó Joana, Centro Espírita Maria Padilha, Centro Espírita Caboclo das Sete Encruzilhadas. No Espiritismo não há rituais de iniciação, batismo e nem dogmas, não há hierarquia doutrinaria, culto a imagens e nem danças; Numa reunião espírita não há o uso de bebidas alcoólicas, cachimbos, incensos, velas, músicas afros e giras. Os médiuns espíritas não mantêm contato com os espíritos rodeados de cristais e nem de embaixo de pirâmides energizadas, não jogam tarô, baralho e nem búzios. No Espiritismo não há sacrifícios de animais, nem oferendas, nem o uso de talismãs, leitura de mãos, de sorte, trabalhos para amarrar marido, trazer a mulher amada de volta ou para passar no vestibular.
Não confunda,
Portanto se você associa alguma destas informações acima ao espiritismo, a Federação Espírita Brasileira (Casa Mater e referência sobre o espiritismo no Brasil), através dos milhares de centros espíritas espalhados pelo país, lhe convida ao estudo. É verdade que estas informações erradas estão sendo transmitidas a milhões de brasileiros, seja pela televisão e cinema (através de novelas e filmes, series e até pelos programas religiosos que insistem em se referirem aos cultos afro-brasileiros como espíritas), pelas revistas e jornais e através de anúncios em outdors e panfletos espalhados por todo o país, difundidos por adeptos de outras seitas que usam o termo espírita para identificar suas atividades.
Espiritismo – Doutrinas afro-brasileiras – Esoterismo
Esta confusão ocorre por falta de informação e por ignorância. Como a Umbanda e o Candomblé pregam a reencarnação, e se utilizam de praticas mediúnicas para estabelecer contato com os espíritos há a associação de que também sejam denominadas espíritas. Porém, estas são as únicas semelhanças entre as três religiões que apresentam culturas e práticas muito diferentes em seus cultos. Não é porque uma religião crê na vida após o desencarne, ou, porque seus adeptos mantenham práticas mediúnicas que possam, por conseguinte, serem denominadas Espiritismo. Os termos espiritismo, espírita e espiritista foram criados por Allan Kardec para se referir ao estudo e aos seguidores da Doutrina Espírita, revelada pelos espíritos. Portanto é chamado espírita o seguidor desta doutrina (Vide obras básicas da codificação). Se o religioso segue outras doutrinas espiritualistas não convém que se intitule espírita.
Importante esclarecer
A mediunidade é uma faculdade humana e não uma propriedade do Espiritismo; existe desde o inicio dos tempos e, membros de todas as religiões a definem de formas diferentes. No Brasil, considerado Pátria do Evangelho do Cristo, ganhou notoriedade através das mãos de grandes médiuns espíritas, como Ivone do Amaral Pereira, Peixotinho, Divaldo Pereira Franco e Chico Xavier. Atualmente o que se vê é uma banalização da pratica mediúnica. Médiuns que se aproveitam do seu dom mediúnico e o comercializam como se fosse uma faculdade que dependesse apenas de sua vontade; ou pessoas que se intitulam espíritas, e se dizem portadores de suposta mediunidade para promover trabalhos mediúnicos, remunerados. O espiritismo não apóia e não credencia ninguém a este tipo de serviço.
Kardecismo,
Esta confusão se iniciou ainda no século dezenove, quando os Cultos Afro-brasileiros sofriam de perseguição religiosa, embasado no preconceito e na intolerância religiosa. A constituição Brasileira de 1824 já estabelecia que a religião oficial do Estado era o Catolicismo. Visando fugirem destes ataques e num gesto desesperado para consolidar e propagar sua doutrina, grupos umbandistas passaram a se auto intitular espíritas, inclusive, com a chancela da Federação Espírita Brasileira (por breve período), passando a usar a alcunha de espírita umbandista. Mais recentemente, para diferenciarem-se dos grupos umbandistas que se intitulavam espíritas, adeptos do Espiritismo, insatisfeitos com a associação indevida entre as duas doutrinas passaram a se intitularem espíritas kardecistas, mostrando claramente que seguiam a doutrina codificada por Allan Kardec.
Espiritismo – Religião Cristã
A Doutrina Espírita se fundamenta nos ensinamentos transmitidos pelos espíritos de ordem superior a Allan Kardec; estes ensinamentos estão registrados nas obras básicas que compõem a codificação da Doutrina Espírita (vide Box fim da matéria). É uma doutrina cristã, pois se baseia no evangelho de Jesus e segue seus ensinamentos visando a reforma moral e o aperfeiçoamento espiritual do ser humano. Usar o termo kardecismo ou espírita kardecista (Fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa aderem a expressão.) para se referir ao Espiritismo, não é exatamente um erro, mas redundância, uma vez que o Espiritismo é único e, não se baseia nos ensinamentos de um homem apenas. A doutrina é dos espíritos, foi enviada por eles através de suas comunicações, o que Kardec fez foi apenas transmiti-la ao mundo, assim como outros pensadores e médiuns também deram sua colaboração.
Recapitulando,
O Espiritismo é uma religião que foi criada de forma totalmente diferente das demais religiões conhecidas no planeta. Nasceu em abril de 1857 data do lançamento de O Livro dos Espíritos; veio da vontade de um grupo de homens desencarnados, que, vivendo no mundo espiritual, sentiram a necessidade de revelar aos encarnados, informações sobre a vida após a morte. Desejavam informar que a vida continuava após o enterro do corpo físico. E que o espírito que animou aquele corpo continuava vivo, podendo retornar a vida em outro corpo, e resgatar seus débitos e erros em nova oportunidade de existência física. O Espiritismo vem da França, codificado pelo pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, nome que ele adotou para diferenciar a figura do professor francês da figura do pesquisador de fenômenos espirituais.
Brasileirinho
Mas, foi em terras tupiniquins, que o Espiritismo se transformou na grandiosa religião, que, hoje é destaque em todo o mundo. Aqui, ganhou status religioso diferente da forma como era visto na Europa, sua terra de origem. Se na França predominava o caráter filosófico, no Brasil, o caráter religioso, respaldado pela carência social, ganhou forças e se transformou na religião de amor, esclarecedora e racional, que levou conforto a inúmeras pessoas ansiosas por respostas esclarecedoras sobre a vida física e a vida espiritual. E foi justamente nesta busca por respostas críveis que o Espiritismo cumpre seu papel de ser uma doutrina filosófica, religiosa e cientifica. Foi no Brasil que grandes médiuns (Euripedes Barsanulfo, Peixotinho, José Arigó, Chico Xavier...), pesquisadores e pensadores (Bezerra de Menezes, Caibar Schutel, Anália Franco, José Herculano Pires...), puderam vivenciar o Espiritismo cientifico, mesmo enfrentando resistências daqueles que insistiam em afirmar que a ciência não aceitava o Espiritismo. Allan Kardec, pioneiro nos estudos e fenômenos espíritas, recebeu dos espíritos que, já previam este conflito, a seguinte orientação "Se algum dia a Ciência comprovar que a Doutrina Espírita está errada em algum ponto, cumpre ao espírita abandonar esse ponto equivocado e seguir a orientação da Ciência".
A beleza do Candomblé
Embora a Umbanda e o Candomblé acreditem na reencarnação e pratiquem o intercambio com o plano espiritual, não se pode afirmar que elas sejam doutrinas ligadas ao Espiritismo. Ambas são doutrinas que podem ser consideradas genuinamente brasileiras; criadas e codificadas no Brasil, tem simpatizantes nas principais religiões como o Espiritismo e o Catolicismo. O Candomblé cultua forcas e energias difíceis de serem compreendidas pelos espíritas. Suas praticas mediúnicas, com inspiração baseada nas religiões africanas são seculares e precedem o Espiritismo. É uma doutrina de entrega e compromisso.
O candomblecista (Adepto do Candomblé) em inúmeros momentos é mais disciplinado que o espírita, e apesar de a Doutrina Candomblecista não ter um estudo sistematizado com livros próprios, seguem com coerência os ensinos religiosos que são passados aos pais de santo e destes para os membros da casa. O candomblecista, assim como o espírita, crê na existência da vida após o desenlace do corpo físico (os desencarnados no Candomblé são chamados de Eguns), e veneram os orixás (divindades) que são cultuados durante as festas e o cumprimento de obrigações (oferendas). No Espiritismo não há veneração pelos espíritos e nem a divindades, mas sim um grande respeito por aqueles seres, cuja comunicação, demonstre se tratar de um espírito de ordem superior (espírito evoluído).
Para o Espiritismo qualquer espírito, senhor de suas ações, pode se comunicar (De alguma forma: psicografia, psicofônia, intuição, etc.) com um médium. No Candomblé é comum que os Orixás se expressem através do jogo de Ifá (oráculo).
A vez da Umbanda
A Umbanda, por sua vez, surgiu após o Espiritismo, no ano de 1908 através de um médium chamado Zélio Fernandino Moraes, com a orientação do espírito que se identificava como Caboclo das Sete Encruzilhadas em Niterói no estado do Rio de Janeiro. A Umbanda é uma doutrina espiritualista, que como o Espiritismo, acredita na sobrevivência do Espírito e na comunicação com o plano espiritual. Sua formação sofre influências da cultura religiosa brasileira como o Catolicismo, o Espiritismo e das seitas afro-brasileiras com destaque para o Candomblé. Seu fundador organizou uma doutrina pura e com conceitos próprios, diferenciando a nova religião do Candomblé e das outras seitas com inspiração afro existentes na época.
As divisões
Até a década de quarenta (século 20), as religiões que se declaravam com descendência africana ou, que mantinham alguma semelhança com estas seitas eram perseguidos pela policia. Tinham seus centros e terreiros fechados e seus responsáveis presos. A situação somente melhorou um pouco em 1945 através da persuasão e luta do dirigente de uma das sete casas de umbanda existentes na época (Todas elas fundadas com a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas) o médium José Álvares Pessoa. Ele obteve junto ao Congresso Nacional a legalização dos cultos umbandistas. Com a perseguição da policia aos cultos afros, os grupos religiosos que não seguiam as regras do fundador da Doutrina Umbandista, passaram então, a se intitularem como membros legítimos da religião, objetivando fugir do cerco montado pela policia. Nesta esta época, a religião sofreu baixas e mudanças substanciais, fatos que alteraram sua essência e colaboraram para a divisão de pensamento e interpretação do conceitos da Umbanda.
Mesa branca
Assim como o Espiritismo, a Umbanda teve e tem seus momentos de perseguição e segregação, mas conseguiu vencer estes obstáculos, e hoje é uma das religiões mais importantes do país, mesmo não constando nos primeiros lugares nos índices de percentuais do IBGE. Como o Espiritismo foi aceito na sociedade católica antes da Umbanda, ele serviu de fuga para que grupos umbandistas não fossem tão marginalizados. Na prática a historia se repetiu. Como a Umbanda serviu de apoio para os grupos afros no passado, os umbandistas para se desviarem de perseguições e preconceitos passaram a se intitularem espíritas. Desta forma a confusão estava formada. Afinal quem é espírita e quem é umbandista? Atualmente os centros umbandistas estão empenhados em aprender, e se inspiram no espiritismo e inclusive usam suas obras básicas, mas as diferenças estão bem claras em suas crenças e cultos. Certamente, a Umbanda como uma religião recente, ainda sofrerá muitas mudanças e possivelmente o Espiritismo será um colaborador, assim como o Catolicismo e o Candomblé. Fica claro que a Umbanda e o candomblé são religiões brasileiras, tem uma historia própria que precisa ser contata e valorizada, escrita como aconteceu com o Espiritismo. Estas doutrinas podem andar com as próprias pernas, pois já não se confundem tanto com os preceitos espíritas.
Saiba Mais:
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos – Allan Kardec- Edicel
Os Intelectuais e o Espiritismo - Ubiratan Machado - Edições Lachâtre
O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas – Deolindo Amorin – FEB Editora
Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa – FEB Editora
Grandes Espíritas do Brasil - Zeus wantuil – FEB Editora
Por Fábio Ferreira
As pessoas ainda confundem Umbanda e Candomblé com Espiritismo, e até se referem a estas duas religiões como se fossem outras denominações da Doutrina Espírita. Porque isto acontece? Porque ainda associam o Espiritismo às religiões afro brasileiras? Quais as diferenças entre estas três Doutrinas, e quais os ensinamentos que cada uma delas têm para passar às outras?
È importante saber: O Espiritismo é único! Não há vertentes, não há divisões. Não há o modelo brasileiro de Espiritismo, nem o formato francês da religião. Não existe Espiritismo Kardecista, Espiritismo Umbandista, nem Espiritismo linha branca. Não existe Centro Espírita de mesa, Centro Espírita Vovó Joana, Centro Espírita Maria Padilha, Centro Espírita Caboclo das Sete Encruzilhadas. No Espiritismo não há rituais de iniciação, batismo e nem dogmas, não há hierarquia doutrinaria, culto a imagens e nem danças; Numa reunião espírita não há o uso de bebidas alcoólicas, cachimbos, incensos, velas, músicas afros e giras. Os médiuns espíritas não mantêm contato com os espíritos rodeados de cristais e nem de embaixo de pirâmides energizadas, não jogam tarô, baralho e nem búzios. No Espiritismo não há sacrifícios de animais, nem oferendas, nem o uso de talismãs, leitura de mãos, de sorte, trabalhos para amarrar marido, trazer a mulher amada de volta ou para passar no vestibular.
Não confunda,
Portanto se você associa alguma destas informações acima ao espiritismo, a Federação Espírita Brasileira (Casa Mater e referência sobre o espiritismo no Brasil), através dos milhares de centros espíritas espalhados pelo país, lhe convida ao estudo. É verdade que estas informações erradas estão sendo transmitidas a milhões de brasileiros, seja pela televisão e cinema (através de novelas e filmes, series e até pelos programas religiosos que insistem em se referirem aos cultos afro-brasileiros como espíritas), pelas revistas e jornais e através de anúncios em outdors e panfletos espalhados por todo o país, difundidos por adeptos de outras seitas que usam o termo espírita para identificar suas atividades.
Espiritismo – Doutrinas afro-brasileiras – Esoterismo
Esta confusão ocorre por falta de informação e por ignorância. Como a Umbanda e o Candomblé pregam a reencarnação, e se utilizam de praticas mediúnicas para estabelecer contato com os espíritos há a associação de que também sejam denominadas espíritas. Porém, estas são as únicas semelhanças entre as três religiões que apresentam culturas e práticas muito diferentes em seus cultos. Não é porque uma religião crê na vida após o desencarne, ou, porque seus adeptos mantenham práticas mediúnicas que possam, por conseguinte, serem denominadas Espiritismo. Os termos espiritismo, espírita e espiritista foram criados por Allan Kardec para se referir ao estudo e aos seguidores da Doutrina Espírita, revelada pelos espíritos. Portanto é chamado espírita o seguidor desta doutrina (Vide obras básicas da codificação). Se o religioso segue outras doutrinas espiritualistas não convém que se intitule espírita.
Importante esclarecer
A mediunidade é uma faculdade humana e não uma propriedade do Espiritismo; existe desde o inicio dos tempos e, membros de todas as religiões a definem de formas diferentes. No Brasil, considerado Pátria do Evangelho do Cristo, ganhou notoriedade através das mãos de grandes médiuns espíritas, como Ivone do Amaral Pereira, Peixotinho, Divaldo Pereira Franco e Chico Xavier. Atualmente o que se vê é uma banalização da pratica mediúnica. Médiuns que se aproveitam do seu dom mediúnico e o comercializam como se fosse uma faculdade que dependesse apenas de sua vontade; ou pessoas que se intitulam espíritas, e se dizem portadores de suposta mediunidade para promover trabalhos mediúnicos, remunerados. O espiritismo não apóia e não credencia ninguém a este tipo de serviço.
Kardecismo,
Esta confusão se iniciou ainda no século dezenove, quando os Cultos Afro-brasileiros sofriam de perseguição religiosa, embasado no preconceito e na intolerância religiosa. A constituição Brasileira de 1824 já estabelecia que a religião oficial do Estado era o Catolicismo. Visando fugirem destes ataques e num gesto desesperado para consolidar e propagar sua doutrina, grupos umbandistas passaram a se auto intitular espíritas, inclusive, com a chancela da Federação Espírita Brasileira (por breve período), passando a usar a alcunha de espírita umbandista. Mais recentemente, para diferenciarem-se dos grupos umbandistas que se intitulavam espíritas, adeptos do Espiritismo, insatisfeitos com a associação indevida entre as duas doutrinas passaram a se intitularem espíritas kardecistas, mostrando claramente que seguiam a doutrina codificada por Allan Kardec.
Espiritismo – Religião Cristã
A Doutrina Espírita se fundamenta nos ensinamentos transmitidos pelos espíritos de ordem superior a Allan Kardec; estes ensinamentos estão registrados nas obras básicas que compõem a codificação da Doutrina Espírita (vide Box fim da matéria). É uma doutrina cristã, pois se baseia no evangelho de Jesus e segue seus ensinamentos visando a reforma moral e o aperfeiçoamento espiritual do ser humano. Usar o termo kardecismo ou espírita kardecista (Fontes lexicográficas como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa aderem a expressão.) para se referir ao Espiritismo, não é exatamente um erro, mas redundância, uma vez que o Espiritismo é único e, não se baseia nos ensinamentos de um homem apenas. A doutrina é dos espíritos, foi enviada por eles através de suas comunicações, o que Kardec fez foi apenas transmiti-la ao mundo, assim como outros pensadores e médiuns também deram sua colaboração.
Recapitulando,
O Espiritismo é uma religião que foi criada de forma totalmente diferente das demais religiões conhecidas no planeta. Nasceu em abril de 1857 data do lançamento de O Livro dos Espíritos; veio da vontade de um grupo de homens desencarnados, que, vivendo no mundo espiritual, sentiram a necessidade de revelar aos encarnados, informações sobre a vida após a morte. Desejavam informar que a vida continuava após o enterro do corpo físico. E que o espírito que animou aquele corpo continuava vivo, podendo retornar a vida em outro corpo, e resgatar seus débitos e erros em nova oportunidade de existência física. O Espiritismo vem da França, codificado pelo pedagogo Hippolyte Leon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec, nome que ele adotou para diferenciar a figura do professor francês da figura do pesquisador de fenômenos espirituais.
Brasileirinho
Mas, foi em terras tupiniquins, que o Espiritismo se transformou na grandiosa religião, que, hoje é destaque em todo o mundo. Aqui, ganhou status religioso diferente da forma como era visto na Europa, sua terra de origem. Se na França predominava o caráter filosófico, no Brasil, o caráter religioso, respaldado pela carência social, ganhou forças e se transformou na religião de amor, esclarecedora e racional, que levou conforto a inúmeras pessoas ansiosas por respostas esclarecedoras sobre a vida física e a vida espiritual. E foi justamente nesta busca por respostas críveis que o Espiritismo cumpre seu papel de ser uma doutrina filosófica, religiosa e cientifica. Foi no Brasil que grandes médiuns (Euripedes Barsanulfo, Peixotinho, José Arigó, Chico Xavier...), pesquisadores e pensadores (Bezerra de Menezes, Caibar Schutel, Anália Franco, José Herculano Pires...), puderam vivenciar o Espiritismo cientifico, mesmo enfrentando resistências daqueles que insistiam em afirmar que a ciência não aceitava o Espiritismo. Allan Kardec, pioneiro nos estudos e fenômenos espíritas, recebeu dos espíritos que, já previam este conflito, a seguinte orientação "Se algum dia a Ciência comprovar que a Doutrina Espírita está errada em algum ponto, cumpre ao espírita abandonar esse ponto equivocado e seguir a orientação da Ciência".
A beleza do Candomblé
Embora a Umbanda e o Candomblé acreditem na reencarnação e pratiquem o intercambio com o plano espiritual, não se pode afirmar que elas sejam doutrinas ligadas ao Espiritismo. Ambas são doutrinas que podem ser consideradas genuinamente brasileiras; criadas e codificadas no Brasil, tem simpatizantes nas principais religiões como o Espiritismo e o Catolicismo. O Candomblé cultua forcas e energias difíceis de serem compreendidas pelos espíritas. Suas praticas mediúnicas, com inspiração baseada nas religiões africanas são seculares e precedem o Espiritismo. É uma doutrina de entrega e compromisso.
O candomblecista (Adepto do Candomblé) em inúmeros momentos é mais disciplinado que o espírita, e apesar de a Doutrina Candomblecista não ter um estudo sistematizado com livros próprios, seguem com coerência os ensinos religiosos que são passados aos pais de santo e destes para os membros da casa. O candomblecista, assim como o espírita, crê na existência da vida após o desenlace do corpo físico (os desencarnados no Candomblé são chamados de Eguns), e veneram os orixás (divindades) que são cultuados durante as festas e o cumprimento de obrigações (oferendas). No Espiritismo não há veneração pelos espíritos e nem a divindades, mas sim um grande respeito por aqueles seres, cuja comunicação, demonstre se tratar de um espírito de ordem superior (espírito evoluído).
Para o Espiritismo qualquer espírito, senhor de suas ações, pode se comunicar (De alguma forma: psicografia, psicofônia, intuição, etc.) com um médium. No Candomblé é comum que os Orixás se expressem através do jogo de Ifá (oráculo).
A vez da Umbanda
A Umbanda, por sua vez, surgiu após o Espiritismo, no ano de 1908 através de um médium chamado Zélio Fernandino Moraes, com a orientação do espírito que se identificava como Caboclo das Sete Encruzilhadas em Niterói no estado do Rio de Janeiro. A Umbanda é uma doutrina espiritualista, que como o Espiritismo, acredita na sobrevivência do Espírito e na comunicação com o plano espiritual. Sua formação sofre influências da cultura religiosa brasileira como o Catolicismo, o Espiritismo e das seitas afro-brasileiras com destaque para o Candomblé. Seu fundador organizou uma doutrina pura e com conceitos próprios, diferenciando a nova religião do Candomblé e das outras seitas com inspiração afro existentes na época.
As divisões
Até a década de quarenta (século 20), as religiões que se declaravam com descendência africana ou, que mantinham alguma semelhança com estas seitas eram perseguidos pela policia. Tinham seus centros e terreiros fechados e seus responsáveis presos. A situação somente melhorou um pouco em 1945 através da persuasão e luta do dirigente de uma das sete casas de umbanda existentes na época (Todas elas fundadas com a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas) o médium José Álvares Pessoa. Ele obteve junto ao Congresso Nacional a legalização dos cultos umbandistas. Com a perseguição da policia aos cultos afros, os grupos religiosos que não seguiam as regras do fundador da Doutrina Umbandista, passaram então, a se intitularem como membros legítimos da religião, objetivando fugir do cerco montado pela policia. Nesta esta época, a religião sofreu baixas e mudanças substanciais, fatos que alteraram sua essência e colaboraram para a divisão de pensamento e interpretação do conceitos da Umbanda.
Mesa branca
Assim como o Espiritismo, a Umbanda teve e tem seus momentos de perseguição e segregação, mas conseguiu vencer estes obstáculos, e hoje é uma das religiões mais importantes do país, mesmo não constando nos primeiros lugares nos índices de percentuais do IBGE. Como o Espiritismo foi aceito na sociedade católica antes da Umbanda, ele serviu de fuga para que grupos umbandistas não fossem tão marginalizados. Na prática a historia se repetiu. Como a Umbanda serviu de apoio para os grupos afros no passado, os umbandistas para se desviarem de perseguições e preconceitos passaram a se intitularem espíritas. Desta forma a confusão estava formada. Afinal quem é espírita e quem é umbandista? Atualmente os centros umbandistas estão empenhados em aprender, e se inspiram no espiritismo e inclusive usam suas obras básicas, mas as diferenças estão bem claras em suas crenças e cultos. Certamente, a Umbanda como uma religião recente, ainda sofrerá muitas mudanças e possivelmente o Espiritismo será um colaborador, assim como o Catolicismo e o Candomblé. Fica claro que a Umbanda e o candomblé são religiões brasileiras, tem uma historia própria que precisa ser contata e valorizada, escrita como aconteceu com o Espiritismo. Estas doutrinas podem andar com as próprias pernas, pois já não se confundem tanto com os preceitos espíritas.
Saiba Mais:
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos – Allan Kardec- Edicel
Os Intelectuais e o Espiritismo - Ubiratan Machado - Edições Lachâtre
O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas – Deolindo Amorin – FEB Editora
Espiritismo Básico - Pedro Franco Barbosa – FEB Editora
Grandes Espíritas do Brasil - Zeus wantuil – FEB Editora
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